APERTE O PLAY
Por Natacha De Carli
Cinema,
a arte que imita a vida.
Há
quem diga que o cinema é uma mera idealização da vida, ou até uma utopia, que
tudo não passa de uma realidade “enfeitada”. Pois aqui estou eu para provar que
o cinema, entre tantas artes, tem sim a grandiosa competência de mostrar a vida
tal e qual ela é. Também vou lhes provar como a vida extrai algumas das
características do mundo cinematográfico.Então, sem mais delongas, vamos direto
ao ponto.
Quantas
vezes já fizemos papel de trouxas? Sim, nós fazemos papel de trouxas, assim
como também podemos ser galãs, donzelas, intelectuais, mocinhos, vilões,
princesas e monstros. Mas nós somos os protagonistas da nossa própria história,
então vamos ser cada um desses personagens de acordo com o nosso humor, e que
humor temos, somos capazes de fazer tempestades em copos d’agua com a mesma
rapidez que imergimos em uma vida cor-de-rosa, de uma hora pra outra.Somos bons
com efeitos especiais.
E
drama, como fazemos drama, se pararmos para pensar, somos atores dramáticos
natos, já nascemos chorando. Vivemos diversas situações corriqueiras que, na
nossa cabeça, podem virar enormes bolas de neve. E não para por aí, quantas
vezes ficamos repetindo a mesma cena? Insistindo de forma doentia em algo que,
no fundo, não vai dar em nada (e sabemos que não vai, mas continuamos
insistindo), somos incansáveis perfeccionistas, queremos sucesso de bilheteria.
Mas
existem as vantagens de termos nosso próprio filme, e não são poucas. O elenco,
por exemplo, fica por nossa conta, somos nós que escolhemos quem vai estar
nesse filme ou quem vai sair de cena. Não precisamos seguir roteiros e nem ser
censurados por nada nem por ninguém, pois vivemos a era da liberdade de
expressão e de pensamento, vivemos por nós mesmos e somos os diretores deste filme.
Também não nos preocupamos com
maquiagem ou figurino porque temos consciência de que se alguém realmente achar
que vale à pena viver esse filme conosco, vai ter que se acostumar com os
bastidores e o makingof desta produção.
Mas talvez a parte mais incrível de
dirigirmos nossa vida é que podemos escolher a trilha sonora para cada momento
e para cada pessoa, seja MPB, rock, pop ou ate um samba. Ah, vale lembrar que
também podemos cantar no chuveiro sem nos preocuparmos se desafinamos ou saímos
do tom, afinal, é o nosso filme.
E claro, não podemos esquecer dele,
aquele que já transformou filmes em clássicos, que afundou navios, que
ocasionou guerras, que já matou e, que infelizmente morreu algumas vezes.
Estamos falando do amor. Que seria dos filmes sem ele? Que seria dos finais
felizes sem ele? E, por Shakespeare, que seria de Romeu e Julieta sem ele?!
Vamos nos apaixonar, por pessoas, por momentos, por sensações. Somos e sempre
vamos ser eternos apaixonados pela vida.
Não temos nenhuma graduação em
teatro ou artes visuais, porque sabemos que para dirigir a nossa vida todo o
conhecimentode que precisamos está no simples ato de vivê-la.
Não
precisamos fazer silêncio, porque agora somos nós é que aumentamos ou diminuímos
o volume, podemos gritar, rir, e até chorar.
Podemos ajustar o brilho do sol dos
dias de verão, as sombras do outono. Podemos dar mais cores e vida às flores da
primavera. E, se quisermos, podemos até colocar uns efeitos especiais (ou
pessoas especiais) ao longo da trama.
Mas, definitivamente, o que não
podemos fazer é cortar as cenas das quais nos arrependemos, porque no fim, elas
são apenas o resultado de todas as escolhas que fizemos. Podemos até repetir
algumas falas, mas não podemos tirá-las do filme.
Não podemos de forma alguma apagar
os nossos erros, mas podemos tentar corrigi-los, e isto será todo o enredo, por que esse filme é cheio de erros e incoerências,
seremos o núcleo de todos os conflitos ali existentes, porque nós é que os
criamos, nós somos inteiramente responsáveis por eles.
Vão acontecer muitos altos e
baixos, afinal, que graça teria um filme sem nenhuma emoção? Vamos chorar,
vamos sorrir, vamos até gritar de raiva. E vamos sim ter algumas crises
existenciais.
Mas não precisamos nos preocupar
com isso agora, vai demorar muito pras letrinhas dos créditos começarem a
subir, porque esse filme será demasiado longo, e estamos ainda no comecinho.
Então, não vamos perder mais tempo com essas apresentações, vamos logo escolher
as personagens para o nosso filme e: luz, câmera, ação!
Gostei muito do texto! Parabéns, Natacha!
ResponderExcluirBoa Natacha
ResponderExcluirSimplesmente genial.
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