terça-feira, 28 de outubro de 2014

Entrevista com Ismael Sebben

Ismael é estudante de Letras da UCS Carvi, e bolsista do Pibid (Projeto de Iniciação à Docência) na Escola Mestre Santa Bárbara. Trabalhou em diversas peças e curta metragens, entre elas Parasitas do Lodo. Ismael foi o responsável pelas peças apresentadas no Sarau Literário da Escola Mestre, que ocorreu na Casa das Artes entre os dias 24 e 25 de setembro.


Ø  Você poderia contar um pouco da sua história no teatro?

Iniciei minha trajetória no teatro no grupo “Sinagoga e os Poetas da Praça Zen”, grupo multiartístico, de Bento Gonçalves, que trabalhava com a fusão de música, declamação de poesias e encenação. Fiz alguns cursos em Caxias do Sul e Porto Alegre. Posteriormente, fui a São Paulo, e me formei ator, trabalhando em diversas peças e provando da experiência de vivenciar o teatro dia a dia, percurso esse, que me trouxe subsídios para o trabalho realizado com os alunos da escola Mestre Santa Bárbara. Referente à literatura, sempre foi presente em minha vida, interesse despertado na escola. Meu último trabalho profissional foi em cinema, no curta metragem, “Parasitas do Lodo”, de 2013, disponível no Youtube.

Ø  Quais eram as expectativas em relação aos alunos?

Creio que as conversas entre os participantes do Pibid e a escola, buscando estratégias para o desenvolvimento do trabalho, foram fundamentais para “alimentar” as expectativas em relação aos alunos. Pensar e elaborar projetando o sucesso do trabalho é essencial. Penso que projetar o futuro é o estopim para se dar o primeiro. É pensar lá na frente o que nos move no presente instante. Depois, procurei passar a minha confiança e a segurança aos alunos, de que tudo ocorreria bem. A partir disso, comecei a pensar em expectativas. Os alunos foram acolhedores no que diz respeito à proposta de trabalho. Sempre acreditei que dariam conta.
 
Ø  Como foi o trabalho de “lapidar” alunos que nunca tiveram contato com a arte cênica?
Começamos, estrategicamente, buscando conhecer um pouco dos alunos-atores. Trabalhamos com jogos teatrais e de improvisação, afinal, improvisar nos impulsiona a externar, de forma espontânea, sentimentos, pensamentos e ações. As crônicas bem humoradas de Luis Fernando Verissimo nos serviram como texto de apoio para as improvisações. “Lapidar”, não foi um trabalho só meu, mas também dos próprios alunos, no momento em que se percebiam em cena e analisavam a atuação dos colegas. O que foi perceptível é que cada aluno tem seu tempo para assimilar as ideias.

Ø  O desenvolvimento deles foi satisfatório?

A apresentação das peças foi satisfatória, porque puseram no palco o que trabalharam na oficina. Não posso cobrar que tenham resultado similar ao aluno que procura, por conta própria, visando profissionalizar-se, um curso profissionalizante de teatro, que tenham atuação profissional. São alunos e dentro do fazer teatro, mais que uma boa atuação no palco, têm-se outros ganhos, como: aprende-se a ter responsabilidades, pontualidade e o exercício da coletividade.  Cada um sabe o quanto se esforçou. Deixo essa pergunta também a eles.

Ø  Qual foi seu maior medo quando assumiu a responsabilidade de fazer a apresentação na Casa das Artes?

Montar um espetáculo exige um empenho que vai além da atuação. Empenha-se também com: figurino, cenário, maquiagem, entre outras coisas. A organização para a execução é fundamental. Esse era meu maior medo, mas os alunos, os professores e a direção foram eficientes.

Ø  Vocês conseguiram transmitir o que gostariam?

Sim. O importante era poder contar de forma clara as histórias das peças.

Ø  Mais ações serão desenvolvidas com o grupo de teatro?

Sim. A próxima oficina trabalhará com stand up. Vai ser muito divertido. As propostas de jogos e dinâmicas para a oficina estão muito legais.

Ø  A sensação de dirigir uma peça é a mesma de atuar?

A sensação é a mesma: agradável, por se estar trabalhando com teatro, mas as funções são bem distintas. O diretor é um observador, uma criança montando um quebra-cabeça: o ator tem que fazer da personagem que interpreta “a peça bem desenhada”, para o jogo, para a imagem, para o encaixe e para o entendimento do quebra-cabeça pensado pelo diretor.

Ø  Qual a importância do teatro para nossa sociedade?


O teatro transmite valores, passa por momentos da história, visita épocas e costumes, critica, lida com o passado, presente e futuro, do mundo e do ser humano, tenta explicá-lo e entendê-lo ao mesmo tempo, além de nos levar a outros mundos. “Caixa preta” (teatro) que, ao sentarmos em uma cadeira, nos permite ver a vida esmiuçada, leva-nos ao riso, ao choro, à reflexão, ao espanto e a tantas outras sensações. 

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